sábado, 22 de março de 2008

Anestesia sem medo - mitos e verdades

Excelente matéria compilada da Veja On Line


Histórias relacionadas a acidentes em anestesias dão medo em muita gente, mas são quase lendas. Levantamento da Sociedade Americana de Anestesiologia atribui à anestesia uma morte a cada 250 000 procedimentos. Ou 0,0004% de risco. O aprimoramento de monitores e aparelhos de anestesia e de drogas utilizadas torna a técnica cada vez mais segura, explica Milton Brandão, coordenador da equipe do Serviço de Anestesiologia do Hospital São Luiz, em São Paulo. Veja algumas perguntas comuns sobre o tema.

Anestesia geral é mais arriscada que local?
Em tese, sim, pois a pessoa está inconsciente, não sente dor e seus músculos estão tão relaxados que em muitos casos é preciso a ajuda de um respirador artificial. Na prática, porém, em um centro cirúrgico devidamente equipado, o risco é praticamente nulo. As funções do paciente são monitoradas e é possível agir rapidamente se algo parecer sair do controle.

O choque anafilático é reversível?
Sim. O choque é o colapso de alguns sistemas, causado por uma reação alérgica ao fármaco. Sintomas comuns são queda da pressão arterial, dificuldade de respirar, perda de consciência, vermelhidão na pele e inchaço nas pálpebras. Detectado rapidamente, é perfeitamente reversível com o uso de drogas como corticóides, noradrenalina, broncodilatadores e, em casos mais graves, massagem cardíaca e ventilação artificial.

Existem testes capazes de prever uma reação adversa?
Numa avaliação pré-anestésica, é possível detectar riscos mais comuns, como alergia a antiinflamatórios ou aos contrastes usados em certos exames. Em cirurgias de urgência, quando o paciente chega inconsciente e não se conhece seu histórico médico, não há testes, mas o anestesiologista monitora com rigor as reações.

O uso de drogas aumenta as chances de reações adversas?

Sim. Drogas ilícitas como cocaína, ecstasy e crack interagem com os anestésicos, o que pode levar a um colapso cardiovascular, convulsões, parada cardiorrespiratória e até morte súbita. Por isso, informar ao anestesista o uso de drogas é fundamental.

Pequenos procedimentos, como uma lipo de papada, com anestesia local, dispensam a presença de um anestesista?
É bom não brincar. Em um pronto-socorro, em que um paciente aparece com um corte nas mãos, o cirurgião está habilitado a aplicar a anestesia. No entanto, mesmo em pequenos procedimentos cirúrgicos, a presença de um anestesiologista é fundamental para evitar possíveis complicações, como as reações alérgicas.

O despertar depois da anestesia geral é sempre desconfortável?
Não. As drogas utilizadas atualmente em anestesia são mais facilmente metabolizadas pelo organismo. Além disso, ao longo do procedimento cirúrgico, o médico pode administrar drogas profiláticas em relação à náuseas e vômitos, dores de estômago, e dor pós-cirúrgica. Mesmo assim, em alguns casos, reações indesejáveis podem ocorrer. Tudo depende do paciente.

A raquianestesia causa dores de cabeça?
Hoje bem menos que no passado. A raqui, chamada anestesia de bloqueio, comuns em partos do tipo cesárea, cirurgias de membros e cirurgias abdominais, chegava a provocar fortes dores de cabeça no pós-operatório em 5 a 10% dos casos. Agora, esse risco atinge apenas 0,2% dos pacientes.

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